Foto: Divulgação.
Para combater a desinformação e a propagação de mentiras tão presentes em discursos políticos nas épocas de eleição, a Rede Justiça Criminal (RJC), formada por oito organizações da sociedade civil brasileira, lançou no final de julho a campanha e o documento: #EleiçõesSemTruque: Votando em uma política de Estado para justiça criminal.
O documento busca munir os eleitores e eleitoras de informações para desmascarar esses discursos que buscam votos, e não necessariamente propõem políticas públicas embasadas em pesquisas e dados. Além do documento, a Rede Justiça Criminal lançou também uma plataforma virtual e uma campanha pedindo #EleiçõesSemTruque. A plataforma possui uma ferramenta de disparo de emails com perguntas para os candidatos e candidatas à Presidência da República e ao Governo de todos os estados, além de cards para o compartilhamento nas redes sociais e via celular:
Confira o vídeo da campanha:
Para acabar com o crime, vote em mim
Todo ano de eleições vemos as velhas promessas e os velhos discursos ressurgirem na boca de políticos, candidatas e candidatos na forma de bordões e frases feitas. Os aspirantes aos cargos de presidente, deputado ou senador subitamente passam a se importar com os problemas da população e juram possuir soluções mágicas, rápidas e milagrosas para problemas crônicos e estruturais. A trivial demagogia dos discursos eleitorais é ainda maior e mais preocupante quando o tema é segurança, criminalidade e justiça.
Vamos construir mais presídios para acabar com o problema da superlotação!
Prender mais é a solução para o problema de segurança pública!
As leis penais no brasil são muito brandas. Precisamos de leis mais duras!
Direitos humanos existem para proteger bandidos!
Estas são algumas falas comuns de candidatos e candidatas em campanha eleitoral. Esse tipo de proposta tende a viralizar e conquistar eleitores porque parece realmente atender a uma demanda legítima por uma sociedade menos violenta. Mas seriam verdade?
Quem trabalha com o direito penal e conhece a realidade do sistema carcerário brasileiro sabe que não.
Preocupados com esses discursos mentirosos, que se destinam mais a captar votos do que a apresentar propostas que enfrentem o problema da violência de maneira consistente, a Rede Justiça Criminal (RJC) criou a campanha #EleiçõesSemTruque.
A participação da sociedade civil contribui para reforçar os princípios democráticos e, em particular neste momento de eleições, a RJC considera o engajamento de todas e todos essencial para promover um debate amplo e transparente na pauta de segurança e justiça, que aparece nas pesquisas como uma das preocupações prioritárias do(a) eleitor(a) brasileiro(a).
Explica Janaína Homerin, Secretaria Executiva da RJC. Para Homerin, a campanha contribui para que os eleitores e eleitoras questionem seus candidatos sobre os dados e pesquisas que utilizam para fazer suas propostas de governo.
A proposta da Rede é munir a sociedade de ferramentas para que esses discursos falaciosos possam ser identificados, e assim cobrar dos candidatos e candidatas propostas mais fundamentadas no campo da segurança e justiça.
Criada em 2010 com o objetivo de combater o uso abusivo da prisão provisória, a Rede Justiça Criminal (RJC) é um grupo formado por oito organizações da sociedade civil brasileira, que trabalha para tornar o sistema de justiça criminal mais justo e atento aos direitos e garantias fundamentais. A atuação da RJC faz uma crítica ao uso predominante da prisão como resposta do Estado ao crime, denunciando a escolha de uma política criminal punitivista, que leva ao encarceramento em massa. A RJC acredita que a política criminal deve embasar-se em informações qualificadas para a construção de um diagnóstico mais preciso que permita implantar soluções adaptadas, identificar gargalos e propor ações corretivas.
Leia mais:
Comprando gato por lebre: A falácia da prisão como política de segurança pública
Compõem a Rede Justiça Criminal as seguintes organizações: Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), Conectas Direitos Humanos, Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (GAJOP), Instituto de Defensores de Direitos Humanos (DDH), Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), Instituto Sou da Paz, Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC) e Justiça Global.
Leia mais:
Como seu candidato à presidência pensa sobre encarceramento
Bandido bom é bandido morto ou o que os presidenciáveis efetivamente propõem sobre as prisões?
Encarceramento em massa: a infinita arte de enxugar gelo
Penitenciária para 542 presos é interditada após acumular 1.281 encarcerados
ONU: Encarceramento em massa cresce no mundo, apesar da diminuição da criminalidade
Aumento da criminalidade: violência policial e encarceramento não resolvem problema da segurança
Superlotação dos presídios facilita proliferação de doenças, afirma médica
Maior massacre da história dos presídios brasileiros, Carandiru completa 25 anos
Luto para manter meu corpo longe das mãos do Estado
“O senhor pegou tudo o que a gente tinha, o senhor vai quebrar o meu braço”
Assinando o plano +MaisJustificando, você tem acesso integral aos cursos Pandora e ainda incentiva a nossa redação a continuar fazendo a diferença na cobertura jornalística nacional.