Foto: Divulgação.
Após quase trinta anos de respostas satisfatórias à epidemia de HIV/AIDS entre os usuários de drogas, faz-se necessário realizar um histórico, mapeamento e balanço das ações de redução de danos em nível nacional. Por essa razão, o Centro de Convivência É de Lei deu início ao projeto “Do baque ao crack: 30 anos de redução de danos no Brasil”, que contará com eventos nas cinco regiões do país, além de um encontro nacional sediado em São Paulo entre os dias 10 e 12 de dezembro.
A redução de danos caracteriza-se como uma abordagem ao fenômeno das drogas que visa minimizar danos sociais e à saúde associados ao uso de substâncias psicoativas.
O início destas intervenções foi marcado por ações no campo da saúde, que hoje tem se ampliado da esfera do direito à saúde para a do direito à cidadania e dos Direitos Humanos.
Desde seu início, na última semana, duas cidades já foram visitadas: Salvador (BA) e Campo Grande (MS). As próximas ações do projeto serão realizadas em Santos (SP), Porto Alegre (RS) e Palmas (TO). Além de participações em eventos sobre redução de danos, o É de Lei também realizará rodas de conversas com os serviços públicos municipais e organizações da sociedade civil, além de visitá-los, com o intuito de trocar saberes entre equipes, usuários e usuárias dos serviços e profissionais da rede.
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O marco de três décadas do início de intervenções baseadas na redução de danos vem ao encontro dos 20 anos do É de Lei, considerado o primeiro centro de convivência para pessoas usuárias de drogas do Brasil. Nesse sentido, a presença da organização em cidades como Salvador, Porto Alegre e Santos, que registram as primeiras ações em redução de danos do Brasil, promoverá a interlocução entre diversas instituições e atores do campo da redução de danos, produzindo novas sínteses e compreensões acerca do fenômeno do uso de drogas, ISTs, HIV/Aids e seu cuidado.
As práticas de redução de danos buscam a socialização política de usuários de drogas de maneira crítica, no sentido de tornarem-se protagonistas, de promoverem o auto-cuidado com a saúde e a busca por direitos, pela discussão de políticas governamentais e políticas de estado, numa perspectiva que passa pelo individual e também pelo coletivo.
Informa o Centro.
Para Maria Angélica Comis, articuladora do Projeto “Do baque ao crack”e coordenadora de advocacy do É de Lei:
É fundamental disseminar e sensibilizar as populações-chave, profissionais da rede de atenção psicossocial, bem como a população em geral sobre a importância e as diversas possibilidades de práticas em redução de danos que são efetivas no enfrentamento da epidemia de HIV/Aids, da miséria e da desigualdade social, e na contribuição para a garantia e fortalecimento de direitos e da democracia.
O balanço desse mapeamento será apresentado em um encontro nacional, organizado pelo É de Lei entre os dias 10 e 12 de dezembro, na cidade de São Paulo, que contará com convidados e convidadas de todo o Brasil para discutir os avanços e desafios da redução de danos no país. O evento também terá uma mostra cultural com a linha do tempo da redução de danos e da história do Centro de Convivência.
Confira os registros dos eventos de Salvador e Campo Grande.
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