Por Gabriel Prado
A intolerância religiosa sofrida pelas religiões de matriz africana marcaram o ano de 2018. Terreiros foram invadidos e depredados pelo país, além de terem sido alvo de ações judiciais e denúncias de motivação religiosa. Neste cenário, o Festival Percurso 2018 – de Jardim a Jardim 2018 tem como tema #omaiorterreirodomundo. Recebendo mais de 40 atrações, o festival acontece na Praça do Campo Limpo reunindo economia solidária, conexão cultural das periferias de São Paulo e lideranças religiosas de povos originários que formam juntos um grande terreiro a céu aberto.
Sob a organização da Agência Popular Solano Trindade em parceria com o movimento de Jardim a Jardim, o evento terá atrações como Xaxado Novo, Mestre Tião Carvalho – comemorando os 40 anos de carreira, Abôrigens, Jardim a Jardim e Curumin, Bia Ferreira, Maracatu Nação Kambinda homenageando Raquel Trindade, Mãe Beth de Oxum com Banda Cultural Coco de Umbigada, de Recife (PE) e Rincon Sapiência no palco principal Jardim a Jardim. Além da Celebração dos 10 anos do Ajayô Samba do Monte e Slam das Minas.
Leia também:
Rapper Djonga é Cultura de Resistência
A 5ª edição
Neste ano o tema do festival é a #omaiorterreirodomundo que engloba o processo de encontro das produções culturais de terreiros e aldeias indígenas com a juventude periférica formando um amplo espaço de troca cultural. “Tentamos integrar todos os povos originários desde o Percurso da Diversidade Cultural que fizemos em 2012 até o inicio do Festival Percurso – Periferia e Cultura em Rede Solidária”, declarou ao Justificando Alex Barcellos, produtor cultural da Agência Solano Trindade.
O produtor ainda rememorou a trajetória com os povos originários do festival; ”este ano por conta da conjuntura política que vem se formando para o começo de 2019, acreditamos na importância de construir uma unidade. Sendo um dos pontos centrais a questão espiritual para o festival. Os povos de terreiros resgatam a ancestralidade dos povos originais. Fortalecendo a construção e consolidação de todas as políticas de igualdade social.”
O projeto “de Jardim a Jardim” que compõe o nome do festival este ano é uma iniciativa do grupo C de Cultura que trabalha para reconectar culturalmente as distintas periferias de São Paulo ao levar em consideração a semelhança nos processos de marginalização social e de acesso a serviços públicos.
Economia em rede
O festival traz ainda a proposta de um novo horizonte para a economia da cultura. Voltada para a produção culinária, artísticas e comercial local, o festival busca através do fomento à economia solidária que as periferias possam subsistir a partir de suas produções locais.
Distribuídas em três partes, a feira reúne a agricultura familiar, comida saudável e cosméticos naturais e sustentáveis desenvolvidos pelos comerciantes locais. A produção do evento investe diretamente três mil reais nesses produtores locais através de uma moeda própria do festival. Distribuido para convidados e produtores, a moeda Solano Trindade surge como uma forma de fomento ao consumo da cultura local no festival.
Atrações de resistência
A produção artística das mulheres periféricas estará presente por meio da Tenda das Yabás que homenageia às mães rainhas e os orixás femininos. O coletivo União Popular de Mulheres, a Aldeia Tenodé Porã com o coral de índios Guarani e o Slam das Minas estão confirmadas.
O Encontro dos Povos de Terreiro, Juventude Camponesa, Quilombolas, Índios Guaranis e Pataxós e Afoxé que prestam uma homenagem ao mestre o mestre Moa do Katende, assassinado em outubro em Salvador após uma opinião política acontecerá na Tenda dos Povos.
A Associação de Kung Fu Garra de Águia Lily Lau, de Taboão da Serra, que apresentara o espetáculo Dança de Leão, oriundo do folclore chinês.Também terá roda de conversa com doulas, apresentação musical e artística com Funk de Griffe, Graja-Minas e apresentação teatral com a companhia Satyro.
Perifa Talks
Um das novidades do festival pe o espaço Perifa Talks, semelhando as palestras do formato TED, empreendedores sociais dão palestras em um espaço que acontece na vespera do festival, no sábadp (08/12). Até o momento estão confirmadas a presença de Mãe Beth de Oxum, que é de Recife (PE), de Adriana Barbosa, da Feira Preta, e de Aderbal Ashogun, da Rede AfroAmbiental.
Assinando o plano +MaisJustificando, você tem acesso integral aos cursos Pandora e ainda incentiva a nossa redação a continuar fazendo a diferença na cobertura jornalística nacional.