Imagem: Yane Mendes
Por Coletivo Boca no Trombone, Coletivo Pão e Tinta e Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas
Movimentos sociais ousam construir um novo poder nas eleições, carta lançada pelos movimento feminista, de juventude e de arte apresenta candidatura coletiva para eleições municipais de 2020.
Confira na íntegra a inovação política proposta pelas organizações, efetivando novos marcos para democracia brasileira. O recital Boca no Trombone, o coletivo Pão e Tinta, e a Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas vêm através desta carta apresentar a chapa coletiva AQUILOMBA, para disputa das eleições municipais de 2020 na cidade de Recife.
Vivemos um contexto de aprofundamento da falta de representatividade na política institucional e manutenção do distanciamento da periferia dos espaços de deliberação institucionais, típico da democracia capitalista e representativa que não permite a chegada de novos corpos nesses espaços. Resistir a tal cenário perpassa pela construção de alternativas institucionais capazes de fomentar a construção e estruturação de políticas públicas que auxiliem na luta pela libertação e bem viver do povo negro e periférico.
A candidatura coletiva AQUILOMBA apresenta-se como nova forma de exercício democrático e possibilidade de intervenção direta dos movimentos sociais de base comunitária nas tomadas de decisões em um mandato de vereador/a, bem como levantamento de demandas, criação de soluções para problemas, apresentação de projetos de lei e fiscalização da atuação da chapa eleita. Defendemos que o processo eleitoral deve ser um espaço de aprofundamento de debates e afirmação dos projetos de sociedade que pautam gênero e raça como questões estruturais, na busca pela verdadeira alternância de poder, causando rupturas com velhas práticas de manutenção de um poder branco e burguês.
Em 2017, nossos coletivos Boca no Trombone, Pão e Tinta e RENFA foram mapeados como “inovações políticas na América Latina” pelo Emergência Política Periferias, pesquisa realizada pelo Instituto UpDate. O trabalho desenha o retrato histórico das experiências de inovação política que estão transformando a realidade das periferias brasileiras a partir de práticas que aproximam cidadãs e cidadãos da política institucional. Nossas periferias fazem construção política todo dia!
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A estética é política!
QUEM É A CHAPA?!
LARISSA KARLA:
Jovem negra de 23 anos, moradora do bairro de Água Fria, produtora e educadora social, mãe de um menino. Com trajetória na construção do Boca no Trombone e também em movimentos pelo Direito à Cidade como o #OcupeEstelita, Fórum de Juventude de Pernambuco, e a RENFA.
O recital Boca no Trombone, há mais de 4 anos une poesia e política para construir tecnologias de sobrevivência social na favela, realizando um trabalho fundamental no bairro de Água Fria, Zona Norte do Recife, organizado pela juventude negra, e majoritariamente por mulheres.
PEDRO STILO:
Produtor cultural e acelerador social. Atua nas questões de direito à moradia e compreende o direito à comunicação e as várias formas de expressão como um direito humano. É também atual coordenador da Ocupação Sítio dos Pescadores no Bode.
Da Zona Sul do Recife, há quase uma década surgiu a inovação política que salvou e salva vidas, mudando rumo da vida de diversos jovens da periferia da favela do Bode, no Pina. O Coletivo Pão e Tinta realiza, todo ano, o Festival Internacional Pão e Tinta. Mistura arte, graffiti, política, mobilização social e é organizado por um grupos de jovens artistas da comunidade. O evento alcança todo ano mais de 500 pessoas, trazendo uma galera que cola de outros bairros. Durante o ano inteiro o coletivo atua articulando e incentivando a cultura de rua na perspectiva do direito à cidade.
INGRID FARIAS:
Militante feminista antiproibicionista e dos direitos humanos há mais de 12 anos, é moradora da Brasília Teimosa, mãe, produtora e articuladora política. Atua também com pesquisa e intervenção em redução de danos e segurança pública, na área de política de drogas, trabalha há anos no Recife na organização de diversas ações coletivas como a Marcha da Maconha Recife e o 8 de Março, Julho das Pretas, Novembro Negro, entre outras frentes.
A RENFA tem atuação nacional na organização das mulheres na luta feminista antirracista, dando visibilidade aos corpos de tantas mulheres esquecidos e apagados da história, pelo desencarceramento, a redução e danos, os direitos das mulheres e a autonomia do corpo.
Um projeto coletivo pulsante e de trajetória. Energia para construção por muitas mãos do desafio de assumir um cargo público eletivo para legislar, fiscalizar e atuar em favor de nossos grupos, coletivos e bairros e pensar a cidade do Recife como um todo, para todas e todos. Aquilombar nossas experiências e qualificar a vida das nossas e nossos. A periferia tem o direito de viver a cidade!
A participação dos movimentos sociais no processo eleitoral com apoio e participação na construção de candidaturas é a contra-mola necessária para influenciar a atuação das/os representantes legislativos, fazendo o contraponto aos agentes econômicos e de mercado que financiam campanhas e apoiam candidatos identificados com seus ideais. O MTST ousou em 2018 com o projeto de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara, lideranças oriundas das lutas dos movimentos que construíram uma aliança estratégica com o PSOL. Nós, em 2020, queremos ousar e desejamos que mais gente também ouse, com candidaturas negras, periféricas, de mulheres, de LGTTQIs, de mães e dos grupos que foram historicamente negados dos espaços de poder.
Afirmamos que nossa pré-candidatura está ao lado de todas aquelas que apresentam um projeto emancipatório e de garantia e ampliação de direitos. Desejamos pensar um processo de organização popular que vai além das eleições. Precisamos sedimentar uma trajetória de todas/os as/os brasileiras/os na luta por uma profunda e radical transformação deste país!
Por Coletivo Boca no Trombone, Coletivo Pão e Tinta e Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas
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